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"Uma criança perguntou, O que é a erva?, estendendo-me as mãos cheias dela; como podia eu responder-lhe? Não sei mais do que ela."



Verão é beleza...

"Importa abrir aqui um parêntesis, a fim de pôr cobro, de uma vez para sempre, a um príncipio fútil que perdura há muito tempo. Poderia chamar-se a encíclica das Arsinoé.
Em O Misantropo de Molière, a jovem, bonita e vaidosa Célimène é admoestada pela velha e amarga Arsinoé que, com uma raiva atroz, a critica por retirar tanto prazer da sua beleza. Célimène responde-lhe de uma maneira perfeitamente deliciosa. Infelizmente, o génio de Molière não serviu para nada, pois continuamos, quase quatro séculos mais tarde, a endereçar propósitos moralizadores, austeros e impertinentes a qualquer pessoa que tenha a infeliz ideia de sorrir ao seu reflexo.
A autora destas linhas nunca experimentou nenhum prazer em se ver ao espelho, mas de essa graça lhe houvesse sido concedida, não rejeitaria tão inocente satisfação.
É sobretudo às Arsinoé do mundo inteiro que se destina este discurso: afinal, o que pretendem criticar? Quem é que essas belezas bem-aventuradas personagens prejudicam com a sua beleza? Não serão sobretudo benfeitoras da nossa triste condição, permintido-nos contemplar tão admiráveis semblantes?
A autora não se refere a todos aqueles que fizeram de uma falsa beleza um princípio de desprezo e de exclusão, mas aos que, simplesmente encantados com a sua imagem, pretendem associar os outros à sua alegria natural.
Se as Arsinoé, no intuito de tirar melhor partido do seu próprio físico, desenvolvessem a energia que empregam a demolir as Célimène, seriam duas vezes menos feias."

Amélie Nothomb, Dicionário de Nomes Próprios

posted by FamiliarFeeling @ 15:14,

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