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"Uma criança perguntou, O que é a erva?, estendendo-me as mãos cheias dela; como podia eu responder-lhe? Não sei mais do que ela."



...

A Elisabeth foi-se embora

                                   (com algumas coisas de Anne Sexton)



Eu que já fui do pequeno-almoço à loucura
eu que já adoeci a estudar morse
e a beber café com leite
não posso passar sem a Elisabeth
porque é que a despediu senhora doutora?
que mal me fazia a Elisabeth?
eu só gosto que seja a Elisabeth
a lavar-me a cabeça
não suporto que a senhora doutora me toque na cabeça
eu só venho cá senhora doutora
para a Elisabeth me lavar a cabeça
só ela sabe as cores os cheiros a viscosidade
de que eu gosto nos shampoos
só ela sabe como eu gosto da água quase fria
a escorrer-me pela cabeça abaixo
eu não posso passar sem a Elisabeth
não me venha dizer que o tempo cura tudo
contava com ela para o resto da vida
a Elisabeth era a princesa das raposas
precisava das mãos dela na minha cabeça
ah não haver facas que lhe cortem o
pescoço senhora doutora eu não volto
ao seu anti-séptico túnel
já fui bela uma vez agora sou eu
não quero ser barulhenta e sozinha
outra vez no túnel o que fez à Elisabeth?
a Elisabeth foi-se embora
é só o que tem para me dizer senhora doutora
com uma frase dessas na cabeça
eu não quero voltar à minha vida




© 1988, Adília Lopes
From: Obra
Publisher: Mariposa Azual, Lisbon, 2000

posted by FamiliarFeeling @ 13:51, ,


"Na origem da beleza está unicamente a ferida, singular, diferente para cada um, escondida ou visível, que todos os homens guardam dentro de si, preservada, e onde se refugiam ao pretender trocar o mundo por uma solidão temporária mas profunda. Fora de miserabilismos. A arte de Giacometti parece querer revelar essa ferida secreta dos seres e das coisas, para que ela os ilumine.'

Jean Genet - O Estúdio de Alberto Giacometti

posted by stalker @ 02:26, ,




Ao mexer na gaveta dos cd´s...


... saiu-me esta boa recordação que associo a bons momentos festivaleiros.

Hoje se o ouvir mesmo tendo em conta essa distância temporal, o disco dos Zen continua a ser sem dúvida alguma, uma referência da música alternativa portuguesa.
A sonoridade agressiva de "The Privilege of Making The Wrong Choice" de 1998, ainda se mantéem actual nos dias de hoje. Há por aí tanto projecto que ainda não conseguiu "afinar sonoridades" criar afinidades com um público próprio, que temos de lembrar o que de bom surgiu até hoje cá no sítio.
É uma das minhas sugestões "perdidas no tempo"

A não perder de ouvido.

posted by Nuno Teixeira @ 14:24, ,