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"Uma criança perguntou, O que é a erva?, estendendo-me as mãos cheias dela; como podia eu responder-lhe? Não sei mais do que ela."

Virgin Prunes - Ulakanakulot , Decline and Fall

posted by stalker @ 23:50, ,




Porque agora está completo...

Sísifo

Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças..



Miguel Torga

posted by FamiliarFeeling @ 22:57, ,




Bom dia mundo

Disseram-me ontem que Coimbra começou a chorar.
Não quis acreditar e fui ver à rua, que linhas de chuva eram traçadas através dos candeeiros da rua.
Coimbra continua com a mística de sempre.
Mas lembrei-me, esta madrugada, que não é a cidade que figuradamente chora.
Do céu devem cair as gotas de água de quem chorou por Coimbra. São as sementes lançadas na terra e que a terra rejeitou, que hoje tardiamente choram em uníssono os dias e as noites em qual terra prometida.
E a bem da verdade, a Coimbra também chora, porque por ela, só acolhia quem viesse por bem.
Depois dos ventos loucos de outras madrugadas recentes eis, que Coimbra chora mansinha e repousa nas ruas vazias de Agosto.
Quando acordar, a Coimbra tentará sorrir ao lado dos que passeiam com sorriso no rosto e uma lágrima na algibeira.
É caso para dizer... ShitHappens.
Bom dia mundo.

posted by Nuno Teixeira @ 01:38, ,


Vincent by Tim Burton

Reposto...

posted by stalker @ 15:10, ,


Isto é foda!

posted by FamiliarFeeling @ 03:25, ,




A todos...

Love is red and burns, Terry Morgan

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís Vaz de Camões, 1595




posted by FamiliarFeeling @ 02:38, ,




Domingos...

A tranquilidade, mesmo que abrupta, da companhia dos amigos no Domingo de um Verão perduram para lá dos minutos que fazem esse dia. Obrigado.

(Palavra estranha esta do Domingo...)

posted by FamiliarFeeling @ 20:45, ,




Aí vamos...

"Quando a noite chega o maravilhoso não escurece."

Gonçalo M. Tavares, 1

posted by FamiliarFeeling @ 21:59, ,




Verão é beleza...

"Importa abrir aqui um parêntesis, a fim de pôr cobro, de uma vez para sempre, a um príncipio fútil que perdura há muito tempo. Poderia chamar-se a encíclica das Arsinoé.
Em O Misantropo de Molière, a jovem, bonita e vaidosa Célimène é admoestada pela velha e amarga Arsinoé que, com uma raiva atroz, a critica por retirar tanto prazer da sua beleza. Célimène responde-lhe de uma maneira perfeitamente deliciosa. Infelizmente, o génio de Molière não serviu para nada, pois continuamos, quase quatro séculos mais tarde, a endereçar propósitos moralizadores, austeros e impertinentes a qualquer pessoa que tenha a infeliz ideia de sorrir ao seu reflexo.
A autora destas linhas nunca experimentou nenhum prazer em se ver ao espelho, mas de essa graça lhe houvesse sido concedida, não rejeitaria tão inocente satisfação.
É sobretudo às Arsinoé do mundo inteiro que se destina este discurso: afinal, o que pretendem criticar? Quem é que essas belezas bem-aventuradas personagens prejudicam com a sua beleza? Não serão sobretudo benfeitoras da nossa triste condição, permintido-nos contemplar tão admiráveis semblantes?
A autora não se refere a todos aqueles que fizeram de uma falsa beleza um princípio de desprezo e de exclusão, mas aos que, simplesmente encantados com a sua imagem, pretendem associar os outros à sua alegria natural.
Se as Arsinoé, no intuito de tirar melhor partido do seu próprio físico, desenvolvessem a energia que empregam a demolir as Célimène, seriam duas vezes menos feias."

Amélie Nothomb, Dicionário de Nomes Próprios

posted by FamiliarFeeling @ 15:14, ,




Para: Miúda das Alpargatas aka Xaniah

Não é jazz.
Mas que zurze, zurze, aqui.

posted by FamiliarFeeling @ 13:47, ,




Charleston

O jazz
zurze, risca losangos, gumes,
planos, ângulos, sonoros motes
arrancados de dentro das pandeiretas, cornetas, timball's serrotes
tocados por Hotentotes saltitantes
que rasgam o espaço côncavo
com os fortes botes
dos sonoros motes volantes
do jazz-band d'Ho-ten-to-tes...

Andam nor ar jogos malabares de fogos de Bengala
num batuque d'Hotentotes... d'Ho-ten-to-tes
sal-ti-tan-tes no redondel duma sanzala.
E ela surge, toda nua,
sob a poalha luminosa e crua
d'um foco d'arco voltaico,
que, incendiando o mosaico
de sua pele tatuada a cores,
lhe dá aspecto bizarro
d'um bronze colorido,
d'um manipanso Hotentote.

O seu corpo, asa que se desgarra,
esmurra, esbarra,
em movimentos ágeis,
eléctricos,
com os sons do jazz,
pensamentos alados de Farrabraz
que esvoaçam, veloces, veloces no espaço.

As pernas são apenas
dois movimentos instáveis,
trémulos, nos espaços,
em malabárico jogo.
E os braços,
duas antenas
vibráteis, duas
asas de fogo
e cor
n'uma pluma de labareda.
Os olhos são duas puas,
acerados gumes,
agudos ângulos,
orgias de fogos e lumes,
facas de prestigiador
sonâmbulo.

Seu corpo, cansado e bambo
- tomba
sobre almofadas de Damasco, Raz
e panos de Tresibonda.
E o jazz
continua, já lassa a pel' dos bombos,
bambas as cordas dos banjos.
Entanto o jazzzz zurze, risca
o espaço também já lasso e bambo.

António de Navarro (Lisboa, 1927.)

posted by FamiliarFeeling @ 13:15, ,


Giorgio de Chirico - Mistério e Melancolia de uma Rua (1917)

Uma tarde que cai.

Sim.

Fim?

posted by stalker @ 03:06, ,




Le Petit Chevalier

Je suis le petit chevalier
avec le ciel dessus mes yeux
je ne peux pas me effrayer

Je suis le petit chevalier
avec la terre dessous mes pieds
j'irai te visiter
j'irai te visiter

Nico (lyric)

posted by FamiliarFeeling @ 18:32, ,




As Saudades, Terry Morgan

posted by FamiliarFeeling @ 13:38, ,




Silêncios...

"Sentados no chão debaixo dos estendais dos lavadouros, Maria põe as minhas mãos no peito dela. Estou um pouco de viés, pouco cómodo, mas deixo-as aí. A franja escura na testa dela apanha uma aragem fresca de poente, enxuga-lhe a cara, olhamo-nos calados uns bons minutos. Não sabia que era tão bonito olhar-se, olhar-se de perto. Franzo o olho bom, com o outro vejo com menos precisão mas acorda o nariz que puxa para bordo o cheiro suado de Maria e o acre da madeira do bumerangue que tenho no regaço. Ela fecha também um olho, depois o outro e fitamo-nos fixamentee e então desatamo-nos a rir com as caretas que fazem mudar a luz nos olhos. Esta noite disse-me: "Quero-te bem.". Também eu lhe quero, mas não o sei dizer assim tão bem e nem posso responder: eu também. Por isso calo-me."

Erri de Luca, Montedidio

posted by FamiliarFeeling @ 12:50, ,




But you know life is for learning...

Then can I walk beside you
I have come here to lose the smog
And I feel to be a cog in something turning
Well maybe it is just the time of year
Or maybe its the time of man
I dont know who l am
But you know life is for learning
We are stardust
We are golden
And weve got to get ourselves
Back to the garden


Woodstock, Joni Mitchell (lyric)

posted by FamiliarFeeling @ 04:55, ,




Aos vinte e seis do sete de dois mil e seis...



Antes de um lugar há o seu nome. E ainda
a viagem até ele, que é um outro lugar
mais descontínuo e inominável.

Lembro-me

do quadriculado verde das colinas,
do sol entretido pelos telhados ao longe,
dos rebanhos empurrados nos carreiros,
de um cão pequeno que se atreveu à estrada.

Íamos ou vínhamos?

Maria do Rosário Pedreira, in A Casa e o Cheiro dos Livros

posted by FamiliarFeeling @ 11:28, ,